Porque o mundo precisa conhecer Chimamanda Ngozi

by - 08:21


Olá pessoas, tudo bom com vocês?

Acho que quem não conhece a Chimamanda ainda provavelmente ainda não ouviu Flawless da Beyoncé que foi o suficiente, durante um tempo, por colocá-la no radar da mídia, mesmo que nesse período ela tenha sido conhecida mais como a "feminista de Flawless". Hoje em dia, suas obras literárias já são conhecidas e valorizadas pelo público brasileiro.

Resultado de imagem para sejamos todos feministasA verdade é que meu primeiro contato com a autora foi com o livro Sejamos todos feministas e admito que, na época, li o livro mais por falta de algo melhor para fazer e, e esse livro trata-se de um pequeno ensaio sobre o olhar que precisamos ter para as questões de gênero e é a transcrição de um discurso que a escritora nigeriana fez no TEDxEuston. O discurso feminista vem se modernizando e, não se refere a misandria (aversão aos homens), mas sim a busca da igualdade e é sobre isso que a autora vem falar em seu livro:
“Por que usar a palavra ‘feminista’? Por que não dizer que você acredita nos direitos humanos, ou algo parecido?” Porque seria desonesto. O feminismo faz, obviamente, parte dos direitos humanos de uma forma geral —mas escolher uma expressão vaga como “direitos humanos” é negar a especificidade e particularidade do problema de gênero. Seria uma maneira de fingir que as mulheres não foram excluídas ao longo dos séculos. Seria negar que a questão de gênero tem como alvo as mulheres. Que o problema não é ser humano, mas especificamente um ser humano do sexo feminino.
Apesar de me considerar feminista há algum tempo (quando descobri o que o Feminismo era), nunca parei pra ler nenhum livro de teoria sobre o assunto, ou seja, nunca li nenhum da Simone ou qualquer outra autora. E, não por falta de tentativas, mas como a própria Chimamanda diz em seu livro, "foi difícil, foi tedioso, e acabei abandonando os livros". Na minha opinião é que os direitos sociais não deveriam ser difíceis de ser compreendidos e ninguém precisa de palavras difíceis ou referências bibliográficas para falar de direitos iguais entre homens e mulheres.

E a cada resenha ou texto sobre a autora que pipocam nas redes sou tomada por um profundo sentimento de paixão pela pessoa que escreveu e isso porque tenho uma profunda admiração pela Chimamanda e pelo trabalho literário dela. Sim, isso mesmo, apesar Sejamos todos feministas ter sido o primeiro livro dela que me fisgou, suas outras obras tratam de temas tão complexos e reais quanto STF.

Resultado de imagem para Hibisco roxoO segundo livro que li da escritora foi Hibisco Roxo que foi o seu primeiro romance. Nele acompanhamos a história de Kambili, uma menina rica filha de um grande empresário nigeriano. E já nesse ponto a autora já começa a quebrar estereótipos, para nós que estávamos acostumados a ver um país onde tem um safári, mais do que isso a Ningéria de Hibisco Roxo é complexa, cheia de nuances e diferentes realidades.

Kambili e seu irmão Jaja são superprotegidos a limites que beiram ao abuso paterno e, ao ler o livro, percebemos que é exatamente isso. Pois, apesar da vida aparentemente perfeita dos dois irmãos, onde o pai é o tipo de pessoa que faz doações a igrejas, ajuda as pessoas pobres (desde que sejam católicas), ajuda a comunidade, reza horas por dia para salvar a alma da mulher e dos filhos e, podendo as vezes, achar que é Deus e castigá-los (das maneiras mais cruéis possíveis) pelos seus "pecados". E, enquanto isso, na outra ponta da história, seus primos Amaka, Obiora e Chima crescem em um ambiente de crise. A universidade onde sua mãe trabalha está sempre em greve, a comida é simples e até o combustível está em falta. 

E enquanto Kambili narra sua história (já que o livro é narrado sob seu ponto de vista) eu não conseguia parar de pensar o quanto isso acontece na vida real. O super empresário que é maravilhoso para a comunidade em que vive e que dentro de casa é um abusador. Que faz doações para os outros mais para inflar o próprio ego.

Outro ponto que a autora toca e é super válido de mencionar e que me faz pensar até no post do filme da Moana que fiz é sobre a diversidade na mídia. Chimamanda não escreve em uma tentativa de explicar a Nigéria para seus leitores. É óbvio que tratar a África como um continente único e homogêneo é no mínimo estúpido. Porém, quando não temos o contexto de suas outras realidades ficamos perdidos e impossibilitados de compreender aquilo que nunca chegou até nós. 

Resultado de imagem para AmericanahEm seu outro livro Americanah, seu romance mais recente, iremos acompanhar a trajetória de Ifemelu e Obinze, dois jovens que saem da Nigéria em busca de novas oportunidades. Ifelmu acaba indo estudar nos Estados Unidos e Obinze acaba na Inglaterra.

Enquanto isso Ifelmu descreve suas experiências em seu blog e é lá que somos expostos ao racismo indisfarçável do país pois, enquanto nigeriana, sua perspectiva é outra e, por isso, o sucesso do blog; mas o sucesso de audiência vai competir lado a lado com o vazio vai tomando, com a saudade de casa e do grande amor que teve que deixar para trás. 
"Mas raça não é biologia; raça é sociologia. Raça não é genótipo, é fenótipo. A raça importa por causa do racismo. E o racismo é absurdo porque gira em torno da aparência. Não do sangue que corre nas suas veias. Gira em torno do tom da sua pele, do formato do seu nariz, dos cachos do seu cabelo."
E quem pensa que pode não se identificar com Ifelmu se engana profundamente, pois ela é, ao mesmo tempo, uma mulher segura e cheia de dúvidas. Ela se questiona, muda e amadurece. E, em seus momentos de insegurança, ela parece tão próxima quanto uma amiga sua. E, enquanto lemos Americanah somos dominados por um sentimento profundo de nostalgia. Um saudade de um lugar que provavelmente não será nunca mais o mesmo.

Chimamanda Ngozi chama a atenção da importância que é ler sobre outros lugares, não apenas para conhecer sobre outros lugares, mas para mostrar que existe diversidades culturais infindáveis e que o mundo lá fora não é homogêneo. É dessa pressuposição que nasce o racismo e vários outros tipos de preconceitos.  O mundo lá fora não se parece com porão da sua casa e, por isso, que o que lemos não pode ser limitado.

You May Also Like

14 comentários

  1. Oi! Eu tenho o primeiro livro e pela sua explicação e opinião sobre a autora e suas obras. Me deixou com muita vontade de ler logo o livro. E farei isso rsrs
    Realmente nem todos os livros que falam sobre feminismo são de fáceis compreensão, temos que buscar os mais sensatos e que falam corretamente sobre o assunto.
    Bjos ♥️ Click Literário 

    ResponderExcluir
  2. Oi, Dani.
    Já li algumas resenhas sobre Hibisco Roxo e já até comprei, mas ainda não comecei a leitura.
    Beijo

    Te Conto Poesia ♥

    ResponderExcluir
  3. Quero muito ler!

    Beijos,
    www.thalitamaia.com

    ResponderExcluir
  4. Oie Dani =)

    Li o Sejamos todos Feministas dela e simplesmente adorei! Um livro que realmente sabe como abordar o tema sem ser piegas. Simplesmente maravilhoso!

    Não conhecia Hibisco Roxo, mas já quero também rs...

    Beijos;***
    Ane Reis | Blog My Dear Library.

    ResponderExcluir
  5. Nunca li nenhum dos livros, mas achei muito bacana a ideia. Parecem ser ótimos os textos, e o pensamento dela :)

    www.vivendosentimentos.com.br

    ResponderExcluir
  6. Oi Daniele,
    Vim retribuir sua visita, conhecer seu blog e adorei.
    Confesso que não conhecia a autora, mas gostei muito e fiquei muito interessada nos livros dela. Já estou incluindo eles na minha lista de favoritos.
    Obrigada pela visita e volte sempre!
    Bjs❤
    Abrir Janela

    ResponderExcluir
  7. Olá, tudo bem? Adorei a postagem! Sou doida para ler algum desses livros dela, pois vejo falarem muito bem...

    Beijos,
    Duas Livreiras

    ResponderExcluir
  8. Oie
    Ainda não conhecia a autora e nem os livros, mas confesso que fiquei bem curiosa, parecem ser muito bons. Valeu a dica.

    Beijinhos
    http://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  9. Daniele eu nao conhecia essa autora! Mas depois desse seu post vou correndo comprar Americanah afinal, ca estou eu nos EUA e creio que ler esse livro sera reconfortante e inquietante concomitantemente! Beijos

    ResponderExcluir
  10. Oi Dani!
    Eu ainda não conhecia a autora e conhecia agora através do seu blog. Menina, quero ler os livros!! Vou procurar a palestra dela no TED pra assistir também.

    Beijos,
    Sora | Meu Jardim de Livros

    ResponderExcluir
  11. Oi Dani,
    Não conhecia a autora e nem suas obras, mas achei muito bacana o assunto de seus livros.
    Adorei a Dica.

    Bjs e um bom fim de semana!
    Diário dos Livros
    Siga o Instagram

    ResponderExcluir
  12. Eu comprei Americanah, só não tive tempo de ler ainda HAHAHAH, mas eu amo a personalidade dela e como aborDA os preconceitos pelo mundo né?
    Também admiro muuito ela como pessoa :)


    beeijão ^^
    http://www.carolhermanas.com.br

    ResponderExcluir
  13. Oi Dani,
    Que postagem maravilhosa ♥ Eu discurti e dei unfollow na maioria dessas páginas pelas redes que estão sempre passando a visão errada do que é o Feminismo. Infelizmente, a galera sempre exagera na coisa...mas...

    Eu já li resenhas maravilhosas sobre Hibisco Roxo e assim que puder, darei uma lida. Esse ensaio eu tenho no Kindle.
    Também estou louca para ler Americanah. Li por aí que a Lupita Nyong'o ia protagonizar a adaptação.

    tenha uma ótima semana
    Nana - Obsession Valley

    ResponderExcluir
  14. Oi Dani,
    Que post lindo e necessário. Também a conheci pelo Sejamos Todos Feministas e desde então quero muito conferir mais coisas sobre o trabalho dela. Tenho certeza que é tudo incrível!

    Beijos, Fantasma Literário

    ResponderExcluir